Deusas da Lua Nova,pegam nossas vidas como caixinhas e as sacodem,mudando tudo radicalmente mas não por sacanagem ou falta do que fazer mas por nosso crescimento e renascimento,nosso aprendizado.
Que Hécate Ilumine nossos caminhos com suas Tochas,nos guiando pelas encruzilhadas da Vida e da Morte,nos acompanho pelas estradas do Destino em rumo a Sua Divina Sabedoria!!!
Que Baba Yaga, devore nossas falsas aparências,máscaras e nos mostre os ossos de quem realmente somos, trazendo sua Mágicka Renovação para nosso coração!!!
Que as Deusas da Lua Minguante,Negra/Nova,Senhoras da Morte,Renascimento nos Dêem Seu Pleno Conhecimento,Ensinamento,para que todos tenhamos Crescimento,Transformação e " Evolução"!!!
=)
Mais sobre Baba Yaga:
BABA YAGA
Baba-Yaga é uma velha, muito velha, que vive em uma cabana sobre pés-de-galinha. Ela se alimenta de ossos humanos moídos em seu pilão, mas há quem diga que também come criancinhas com seus dentes de ferro. E voa dentro de um almofariz de prata, muito veloz. Contam ainda que o rastro de cinzas que deixa pelo céu, rapidamente a danada vai apagando com sua vassoura. Importante figura no imaginário do povo russo, Baba-Yaga está presente em muitos contos tradicionais, no caminho de Vasilisa, a bela, ou do destemido Príncipe Ivan, como nas bilinas (narrativas em verso) de grandes poetas românticos, entre eles, Gogol, Puchkin, Liermontov. Igualmente na música clássica daquele país, alguns compositores se dedicaram a fazer-lhe um "retrato sonoro": temos três poemas orquestrais com Dargomíshky, Balakirev e Liadov; ela também aparece na suíte Quadros de uma Exposição, de Mussorgsky, e no Álbum para Crianças, de Tchaikovsky. Talvez, a primeira antologia de literatura russa de tradição oral, que o público de língua portuguesa teve acesso, fora feita por Alfredo Apell, nos idos da década de 1920. No Brasil, a bruxa aparece na história de encantamentos "A princesa-serpente", na coletânea Contos populares russos organizada por J. Vale Moutinho (Nova Crítica, 1978 e Princípio, 1990), mas coube à escritora Tatiana Belinky o resgate mais bem divulgado como literatura para crianças: a velha Yaga e a magia das skáskas (narrativas maravilhosas), estão em Sete contos russos (Companhia das Letrinhas, 1995). Mais recentemente, foram publicados, em três volumes, os Contos de fadas russos, organizados por Aleksandr Afanas'ev, a partir de 1855, com o título Narodnye russkii skazki, base destes trabalhos e outras formas adaptadas (Landy, 2002 e 2003). Clarissa Pinkola Estés, em seu livro "Mulheres que correm com lobos" faz uma re-leitura do conto de Vasalisa e Baba Yaga. Considera todos os componentes do conto como representações da psique feminina - é ÓTIMO!
A honestidade que a busca espiritual exige de nós é ilustrada nos contos russos de iniciação sobre Baba Yaga. Baba Yaga é uma velha de aparência selvagem que mora no meio da floresta, está sempre mexendo o caldeirão e sabe de tudo. Ela assusta, pois quem a procura é obrigado a entrar na escuridão, a fazer perguntas perigosas, a deixar o mundo da lógica e do conforto.
Fonte: http://clafilhasdalua.blogspot.com/2008/09/baba-yaga-mulher-selvagem.html
Baba Yaga é uma Deusa diretamente associada à verdade que reside dentro de nós. Ela é a Iniciadora, a velha sábia que mora na recôndita floresta, numa insólita casa cercada de simbolismos arrebatadores, como cercas feitas de crânios, uma casa que se ergue e dança sobre enormes pés de galinha e uma Deusa que voa em um pilão.
Esta Deusa é por muitos vista como uma divindade intolerante, sem paciência, mal-humorada... Eu diria que é mal-compreendida. Quando Baba Yaga oferece destratos ao viajante que chega em sua cabana, ela é a Desafiadora, que nos obriga a entrar em contato com nosso eu mais profundo, mais verdadeiro, mais puro, sem medo. Tanto é que, em algumas versões de seu mito, Baba Yaga tem dentes de ferro, com os quais retira toda a nossa carne até que não sobre nada além de ossos. Ela faz isso porque é uma canibal sem coração? Claro que não. A grande maioria destes mitos que envolvem ossos ou Deusas que tratam de ossadas (La Huesera, La Loba, Baba Yaga dos Ossos e Pernas, a Trapeira) está na verdade fortemente associada com o poder simbólico do osso, aquilo que permanece após a nossa morte.

As lendas em que Baba Yaga aparece como aquela que nos devora até os ossinhos na verdade estão retratando uma das mais importantes formas de contato com esta Deusa: retirar as "máscaras", as inverdades, as camadas em cima de camadas que nos envolvem, para que possamos renascer por completo, mais verdadeiramente, em contato com aquilo que realmente somos. Tanto é que um bom palpite para o significado das tradicionais matrioskas (aquelas bonequinhas russas que você abre para encontrar uma menor, que, ao ser aberta, contém outra réplica ainda menor, que contém outra, e assim por diante) reside na associação delas com Baba Yaga, onde perdemos nossas camadas pra descobrir a bonequinha, pequenininha, que existe lá no fundo. Baba Yaga é uma Deusa que nos permite morrer para renascer, e neste meio tempo encontrar a verdade que reside dentro de nós. E como nos antigos contos de fada, dizem alguns que só a pureza no coração nos permite encontrá-la. Tanto que algumas histórias antigas afirmam que Ela tem duas irmãs, iguaizinhas a Ela, inclusive também chamadas Baba Yaga. Adivinhe: só aqueles com a pureza de ideais descobrirão a verdadeira. Todos os outros, claro, serão jogados no caldeirão.
Cabe aqui abrir um parêntese nesse papo: quando falo sobre Baba Yaga com alguns, a resposta que ouço é "nossa! mas ela cozinha todo mundo no caldeirão!" - como se fosse uma Deusa meramente impiedosa. Mas veja: não podemos nos esquecer que a cultura desta divindade não acreditava que tudo acabasse com a morte. Como poderíamos pensar então que o ato de Baba Yaga não é uma forma de nos renovar, única e completamente?
Muitos afirmam que Baba Yaga é uma das fontes pra vários contos de fadas que conhecemos hoje, sendo todos provenientes de um mito privemo da Europa antiga. Ela é a própria bruxa da história de Joãozinho e Maria. Especula-se também que seja dela a história que, mais tarde, veio a originar o conto "A Bela e a Fera", uma vez que, em uma das histórias contadas sobre Ela, Baba Yaga era casada com um temível Urso, que só Ela era capaz de domar. Em outras variações de sua história, Baba Yaga pode ser também uma doce e graciosa avó, que agrada seus netinhos quando estes lembram-se de sua existência. Também existem algumas associações com uma espécie de Fada do Destino, chamada Dolya, que oferece boa ou má sorte - tudo depende de como você chegará a Ela, de como a encontrará. Ela é a Senhora de olhos faiscantes, que tudo perscrutam, tudo captam, tudo vêem. Ela nos conhece, e, por nos conhecer, nos quer verdadeiros, sem amarras, sem medo, sem ilusão. Ela assusta? Dizem que sim. Mas assusta também aquilo que nos assusta, e destrói também aquilo que nos destrói. Assim contam os povos eslavos de onde este mito foi retirado.
20 de janeiro - Na Bulgária, Baba De, ou Dia da Avó, em honra da deusa Baba Den, ou Bada Yaga!
Que Hécate Ilumine nossos caminhos com suas Tochas,nos guiando pelas encruzilhadas da Vida e da Morte,nos acompanho pelas estradas do Destino em rumo a Sua Divina Sabedoria!!!
Que Baba Yaga, devore nossas falsas aparências,máscaras e nos mostre os ossos de quem realmente somos, trazendo sua Mágicka Renovação para nosso coração!!!
Que as Deusas da Lua Minguante,Negra/Nova,Senhoras da Morte,Renascimento nos Dêem Seu Pleno Conhecimento,Ensinamento,para que todos tenhamos Crescimento,Transformação e " Evolução"!!!
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Mais sobre Baba Yaga:
Baba Yaga - Mulher Selvagem

Caminho pela floresta
e falo intimamente com os animais
Danço descalça na chuva
Danço nua
Viajo por caminhos que eu mesma faço
e da maneira que me convém
Meus instintos e meu olfato são aguçados
Expresso livremente minha vitalidade
minha alegria pura e exuberante
para agradar a mim mesma
porque é natural
é o que tem de ser
Sou a selvagem e jubilosa energia vital
Venha e junte-se a mim
Baba-Yaga é uma velha, muito velha, que vive em uma cabana sobre pés-de-galinha. Ela se alimenta de ossos humanos moídos em seu pilão, mas há quem diga que também come criancinhas com seus dentes de ferro. E voa dentro de um almofariz de prata, muito veloz. Contam ainda que o rastro de cinzas que deixa pelo céu, rapidamente a danada vai apagando com sua vassoura. Importante figura no imaginário do povo russo, Baba-Yaga está presente em muitos contos tradicionais, no caminho de Vasilisa, a bela, ou do destemido Príncipe Ivan, como nas bilinas (narrativas em verso) de grandes poetas românticos, entre eles, Gogol, Puchkin, Liermontov. Igualmente na música clássica daquele país, alguns compositores se dedicaram a fazer-lhe um "retrato sonoro": temos três poemas orquestrais com Dargomíshky, Balakirev e Liadov; ela também aparece na suíte Quadros de uma Exposição, de Mussorgsky, e no Álbum para Crianças, de Tchaikovsky. Talvez, a primeira antologia de literatura russa de tradição oral, que o público de língua portuguesa teve acesso, fora feita por Alfredo Apell, nos idos da década de 1920. No Brasil, a bruxa aparece na história de encantamentos "A princesa-serpente", na coletânea Contos populares russos organizada por J. Vale Moutinho (Nova Crítica, 1978 e Princípio, 1990), mas coube à escritora Tatiana Belinky o resgate mais bem divulgado como literatura para crianças: a velha Yaga e a magia das skáskas (narrativas maravilhosas), estão em Sete contos russos (Companhia das Letrinhas, 1995). Mais recentemente, foram publicados, em três volumes, os Contos de fadas russos, organizados por Aleksandr Afanas'ev, a partir de 1855, com o título Narodnye russkii skazki, base destes trabalhos e outras formas adaptadas (Landy, 2002 e 2003). Clarissa Pinkola Estés, em seu livro "Mulheres que correm com lobos" faz uma re-leitura do conto de Vasalisa e Baba Yaga. Considera todos os componentes do conto como representações da psique feminina - é ÓTIMO!
Quase sempre, Baba-Yaga é a temível bruxa, a malvada, la maliarda. Às vezes, ela parece ser apenas uma grande conselheira ou a guardiã de muitos segredos, moradora da escuridão numa densa floresta. Sob esta faceta, Baba-Yaga seria assim como a representação da Mãe-Natureza, igualando-se às antigas deusas, uma divindade com poderes sobre a vida e a morte porque rico em mistérios é seu perfil. Contudo, nossa maneira apressada de encarar as realidades imaginárias acomodou-se sobre a lógica a dividir o mundo em partes e posições irreconciliáveis.
Quando se pensa em bruxas, evocam-se as fadas e uma eterna rivalidade, ou seja, a luta entre o Bem e o Mal. Ora, a designação "bruxa" dada às velhas sábias surgiu muito antes do cristianismo lançar sua caça à elas, e referia-se a uma casta de sacerdotisas de um sistema religioso antigo e diferente, com caracteres próprios ao paganismo: uma religião de culto à Terra. Durante a baixa Idade Média (até meados de 1400), as bruxas eram tidas em consideração pelos camponeses, aldeões e demais homens das vilas. A bruxaria era, para o Clero e a Coroa, uma simples superstição e, de modo algum, estava associada aos poderes do Mal.
Reconhecidamente, as velhas que prestavam serviços para toda a comunidade na condição de parteiras, curandeiras, conselheiras, eram bruxas. Acreditava-se (uma tradição que ainda hoje se mantém) que essas mulheres tinham poder e influência sobre o corpo de outras pessoas e podiam curar doenças, bem como havia a crença de que sua magia e outras formas de projeção podiam favorecer a boa colheita. Com suas ervas milagreiras, a antecipação do futuro e outras simpatias, as bruxas eram respeitadas. A Medicina era ainda uma ciência incipiente, atendendo prioritariamente às camadas mais altas da sociedade medieval, como a nobreza e o clero; mesmo assim, os resultados a que chegava eram menores e mais incertos que os milagres operados pelas velhas sábias do povo.
No entanto, com a crise que a igreja medieval enfrentou junto às classes populares, as bruxas acabariam por cair em desgraça. Política e religião uniram forças e passaram a difundir novas imagens e idéias a respeito do curandeirismo e outras superstições relacionadas às velhas. Tornaram-se agentes do Mal, foram demonizadas dentro dos tribunais, em oposição a um sistema que representava a visão do Bem. Como portadoras de uma maldição divina, as bruxas se transformaram ideologicamente em consortes do próprio Diabo — ao mesmo tempo em que, na iconografia da época, o anjo soberbo ganhava novos contornos, assemelhando-se ao traçado animalesco e profano do antigo deus Pã. Fora criado igualmente o conceito de sabá, a grande festa orgíaca em que a devassidão, a gula e a beberagem tomavam a cena, gerando terror e histerismo entre o povo. O velho conselho de uma bruxa não continha mais sabedoria, tornou-se um maledicente sussurro como um vento sequioso, frio e corruptor. E, entre os véus e alguma penumbra da fantasia, surgiram voláteis fadas, numinosas entidades, obrigando as mulheres-bruxas a esconderem-se em refúgios cada vez mais ermos.
Os contos populares de magia são pródigos nas imagens do sítio abandonado, da alta torre, do castelo debaixo da montanha ou imerso no mar, como a casa perdida no meio da floresta em que ninguém ousa penetrar. Vasilisa, a Formosa, andou e andou, e só ao entardecer do dia seguinte ela chegou à clareira onde ficava a cabana da Baba-Yaga. A cerca em volta dessa cabana era toda feita de ossos humanos, encabeçados por crânios espetados neles, com olhos humanos nas órbitas. E o trinco do portão era uma boca humana cheia de dentes aguçados. E a casinha era construída sobre grandes pés de galinha. (Belinky 1996: 25-6)
Longe do convívio humano, Baba-Yaga tem o domínio pleno e solitário da floresta, suas árvores e as sombras, revelando-se como uma das manifestações do arquétipo feminino da Grande-Mãe, com quem, em última instância, todos buscam um consolo ou ajuda. O encontro de Vasilisa com ela guarda certas semelhanças com uma versão primitiva pouco conhecida do conto de "O Chapeuzinho Vermelho", que remete não apenas a um rito de passagem, mas à transmissão de poderes da mulher velha para a jovem (Kaplan, 1997). É necessário um período de convivência naquela cabana e abandonar os temores e as curiosidades infantis, para que uma nova aprendizagem se estabeleça. É ilustrativo o diálogo com Vasilisa, a respeito dos três cavaleiros que a menina vira passar (o branco, o rubro e o preto), quando se dirigia à cabana sobre pés-de-galinha. A velha responde que eles respectivamente são "meu dia, minha tarde, minha noite". Não poderia se expressar de outra maneira, não fosse a verdadeira senhora da passagem do tempo. "Podemos chamá-la de Grande Deusa da Natureza", afirma Marie-Louise von Franz, mas "obviamente, com todos esses esqueletos em volta de sua casa, ela é também a Deusa da Morte, que é um aspecto da natureza" (1985: 208).
Baba-Yaga compreende igualmente os dois mistérios extremos da Vida, o nascimento (criação) e a morte (destruição). A Grande Mãe nem sempre é Boa Mãe. Na escala grandiosa, o seu aspecto negativo, devorador e asfixiante, denomina-se a Mãe Terrível [...] Nos mitos, aparece como a mãe devoradora que come os próprios filhos. Conhecemo-la como a cruel Mãe Natureza, que procura repossuir toda a vida — toda a civilização — com a finalidade de colocar tudo de novo dentro do ventre primevo. Como terremoto, abre literalmente o ventre para sugar o homem e suas criações de volta a si mesma. (Nichols 1995: 105)
Além de suas qualidades dóceis e férteis, o arquétipo da Grande-Mãe simboliza a destruição necessária para uma nova ordem. O sorriso malévolo de Baba-Yaga pode ser comparado com inúmeras representações de um tipo de mãe-fera, como é o caso da deusa Kali da tradição hindu. Sedenta de sangue, Kali pode surgir inesperadamente diante de seu expectador com a língua vermelha estirada para fora — antevendo o prazer da devoração.
Do bosque saiu a malvada Baba-Yaga. Viajava dentro de um almofariz e segurava na mão o pilão e a vassoura. — Cheira-me aqui a carne humana! — suspeitou a terrível bruxa. Vasilisa estava tão aterrorizada que se sentiu desmaiar. Tudo em volta era sinistro e Baba-Iaga tinha um ar ameaçador. Mas resolveu encher-se de coragem. Já que ali estava, pelos menos ia tentar a sorte e pedir ajuda àquela horrível bruxa. Assim, aproximou-se da velha, inclinou-se e disse: — Olá, avozinha! As minhas irmãs mandaram-me vir ter contigo, para te pedir lume. (Beliayeva 1995: 81)
Quando nos deparamos com o temível, ou mesmo com o nariz e as rugas de Baba-Yaga, intimamente sabemos algo de sua força e sua ancestralidade mágica. Tratá-la com respeito é o primeiro passo para conquistar respeito em troca. Quando Vasilisa encara a feiticeira com sinceridade, sem soberba ante o perigo, assegura as chances para uma cumplicidade e convivência pacífica com a velha. Não cair em sua ira devoradora significa ter acesso aos conhecimentos dessa potestade arquetípica.
Durante a estadia na isbá da bruxa, há de recuperar essa memória, os segredos de quem sabe ouvir a música das correntezas subterrâneas. Ao mesmo tempo em que vai demonstrando sinais de afeição, a menina reconhece na outra o saber, ainda que inconsciente, na verdade é seu. Afinal, que imagem o espelho de seus olhos refletirá?
Enquanto Baba-Yaga jantava, Vasilisa ficou ali perto, silenciosa. Baba-Yaga disse: "Por que é que você está me olhando sem dizer nada? Você é muda?" A menina respondeu: "Se pudesse, gostaria de lhe fazer algumas perguntas."Pergunte", disse Baba-Yaga, "mas lembre-se, nem todas as perguntas são boas. Saber demais envelhece!" (von Franz 1985: 206)
A honestidade que a busca espiritual exige de nós é ilustrada nos contos russos de iniciação sobre Baba Yaga. Baba Yaga é uma velha de aparência selvagem que mora no meio da floresta, está sempre mexendo o caldeirão e sabe de tudo. Ela assusta, pois quem a procura é obrigado a entrar na escuridão, a fazer perguntas perigosas, a deixar o mundo da lógica e do conforto.
Quando, empenhado na busca, o primeiro jovem chegou tremendo à porta de sua cabana, Baba Yaga perguntou: "Você está aqui por conta própria ou foi mandado por alguém?" Como a família do jovem apoiava sua busca, ele respondeu: "Fui mandado pelo meu pai." No mesmo instante, Baba Yaga o jogou no caldeirão e o cozinhou. A segunda pessoa a procurá-la, uma moça, viu o fogo crepitando e ouviu a risada de Baba Yaga. Novamente, Baba Yaga perguntou: "Você veio por conta própria ou foi mandada por alguém?" Essa jovem tinha ido para o bosque sozinha em busca do que encontrasse. "Vim por conta própria", respondeu ela. Baba Yaga a atirou no caldeirão e a cozinhou também.Mais tarde, um terceiro visitante, uma moça profundamente confusa diante do mundo, chegou à casa de Baba Yaga no meio da floresta. Ela viu a fumaça e percebeu o perigo. Baba Yaga a encarou: "Você veio aqui por conta própria ou foi mandada por outra pessoa?" A jovem respondeu com sinceridade: "Em parte vim por conta própria, mas em parte vim por causa de outras pessoas. Em parte vim porque você está aqui, por causa da floresta e por causa de alguma outra coisa que esqueci. E em parte nem sei por que vim." Baba Yaga ficou olhando para ela por um momento e disse: "Você serve." E a convidou para entrar na cabana.
As Divindades da Lua Nova nunca nos procuram; nós é que devemos procurá-las!Fonte: http://clafilhasdalua.blogspot.com/2008/09/baba-yaga-mulher-selvagem.html
Baba Yaga é uma Deusa diretamente associada à verdade que reside dentro de nós. Ela é a Iniciadora, a velha sábia que mora na recôndita floresta, numa insólita casa cercada de simbolismos arrebatadores, como cercas feitas de crânios, uma casa que se ergue e dança sobre enormes pés de galinha e uma Deusa que voa em um pilão.
Esta Deusa é por muitos vista como uma divindade intolerante, sem paciência, mal-humorada... Eu diria que é mal-compreendida. Quando Baba Yaga oferece destratos ao viajante que chega em sua cabana, ela é a Desafiadora, que nos obriga a entrar em contato com nosso eu mais profundo, mais verdadeiro, mais puro, sem medo. Tanto é que, em algumas versões de seu mito, Baba Yaga tem dentes de ferro, com os quais retira toda a nossa carne até que não sobre nada além de ossos. Ela faz isso porque é uma canibal sem coração? Claro que não. A grande maioria destes mitos que envolvem ossos ou Deusas que tratam de ossadas (La Huesera, La Loba, Baba Yaga dos Ossos e Pernas, a Trapeira) está na verdade fortemente associada com o poder simbólico do osso, aquilo que permanece após a nossa morte.

As lendas em que Baba Yaga aparece como aquela que nos devora até os ossinhos na verdade estão retratando uma das mais importantes formas de contato com esta Deusa: retirar as "máscaras", as inverdades, as camadas em cima de camadas que nos envolvem, para que possamos renascer por completo, mais verdadeiramente, em contato com aquilo que realmente somos. Tanto é que um bom palpite para o significado das tradicionais matrioskas (aquelas bonequinhas russas que você abre para encontrar uma menor, que, ao ser aberta, contém outra réplica ainda menor, que contém outra, e assim por diante) reside na associação delas com Baba Yaga, onde perdemos nossas camadas pra descobrir a bonequinha, pequenininha, que existe lá no fundo. Baba Yaga é uma Deusa que nos permite morrer para renascer, e neste meio tempo encontrar a verdade que reside dentro de nós. E como nos antigos contos de fada, dizem alguns que só a pureza no coração nos permite encontrá-la. Tanto que algumas histórias antigas afirmam que Ela tem duas irmãs, iguaizinhas a Ela, inclusive também chamadas Baba Yaga. Adivinhe: só aqueles com a pureza de ideais descobrirão a verdadeira. Todos os outros, claro, serão jogados no caldeirão.
Cabe aqui abrir um parêntese nesse papo: quando falo sobre Baba Yaga com alguns, a resposta que ouço é "nossa! mas ela cozinha todo mundo no caldeirão!" - como se fosse uma Deusa meramente impiedosa. Mas veja: não podemos nos esquecer que a cultura desta divindade não acreditava que tudo acabasse com a morte. Como poderíamos pensar então que o ato de Baba Yaga não é uma forma de nos renovar, única e completamente?
Muitos afirmam que Baba Yaga é uma das fontes pra vários contos de fadas que conhecemos hoje, sendo todos provenientes de um mito privemo da Europa antiga. Ela é a própria bruxa da história de Joãozinho e Maria. Especula-se também que seja dela a história que, mais tarde, veio a originar o conto "A Bela e a Fera", uma vez que, em uma das histórias contadas sobre Ela, Baba Yaga era casada com um temível Urso, que só Ela era capaz de domar. Em outras variações de sua história, Baba Yaga pode ser também uma doce e graciosa avó, que agrada seus netinhos quando estes lembram-se de sua existência. Também existem algumas associações com uma espécie de Fada do Destino, chamada Dolya, que oferece boa ou má sorte - tudo depende de como você chegará a Ela, de como a encontrará. Ela é a Senhora de olhos faiscantes, que tudo perscrutam, tudo captam, tudo vêem. Ela nos conhece, e, por nos conhecer, nos quer verdadeiros, sem amarras, sem medo, sem ilusão. Ela assusta? Dizem que sim. Mas assusta também aquilo que nos assusta, e destrói também aquilo que nos destrói. Assim contam os povos eslavos de onde este mito foi retirado.
20 de janeiro - Na Bulgária, Baba De, ou Dia da Avó, em honra da deusa Baba Den, ou Bada Yaga!
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